Advogados e advogadas reunidas na III Conferência Nacional da Mulher Advogada, em Fortaleza, homenagearam Letícia Curado, Jusselia Martins de Godoy e outras profissionais da advocacia vítimas de feminicídio.
Letícia Curado foi assassinada em 26 de agosto do ano passado, quando saía de casa, em Planaltina, para o trabalho. Três meses antes, em 13 de maio, tinha recebido sua carteira de advogada, em cerimônia na OAB/DF. Jusselia Martins foi morta a tiros pelo ex-marido, em 5 de abril de 2018, em seu escritório de advocacia, na mesma região administrativa em que Letícia perdeu a vida.
“É um momento com muito significado: o de falarmos sobre estas mulheres advogadas que foram vítimas de feminicídio. Lançar luzes sobre o tema tem valor educativo e de conscientização para mudar a cultura machista, para não permitir que isso nos atinja mais. Respeito à dignidade da pessoa humana é essencial para se propagar o respeito a todos”, comentou a presidente da Comissão da Mulher Advogada, Nildete Santana de Oliveira, após a homenagem.
A III Conferência Nacional da Mulher Advogada reúne cerca de 2,6 mil advogadas e advogados de todos os estados do país. Com o tema “Igualdade, Liberdade e Sororidade”, o encontro começou nesta quinta-feira (5/3) e vai até amanhã (6/3) com dezenas de painéis, palestras, workshops e atividades para debater e discutir as questões das mulheres na advocacia e na sociedade.
A Seccional do Distrito Federal participa do encontro com mais de 20 representantes. A realização no Ceará é uma homenagem da OAB ao Nordeste e às mulheres nordestinas, como Maria da Penha, também convidada.
Ao abrir o encontro, o presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, afirmou que a Ordem, em hipótese alguma, assumirá lugar de silêncio, conforto ou cumplicidade com a injustiça e o machismo. “Até quando a advocacia brasileira conviverá com uma rotina de homicídio de mulheres dentro de casa, com a violência contra a mulher, com a violência na sociedade, onde o discurso da própria violência parece estar ganhando do discurso da Constituição, da lei e da paz”, disse.
Para a vice-presidente da OAB/DF, Cristiane Damasceno, a conferência “é uma oportunidade de compartilhar experiências com mulheres altamente capacitadas e empoderadas. “São encontros como esse que nos unem e sedimentam nossa posição na sociedade”, afirmou.