A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), através de suas Comissões de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento, Direito do Consumidor e Relações Internacionais, lançou o segundo episódio do Podcast “Vozes Autorais”.
O episódio apresentado nesta segunda-feira (27/05) faz parte de uma série que tem como objetivo promover a visibilidade dos trabalhos originais, especialmente aqueles que estão sob ameaça devido ao crescente uso de inteligência artificial, uma área que ainda não tem regulamentação no Brasil.
O Podcast contou com a presença de renomados dubladores brasileiros, como Mariângela Cantú, conhecida por dar voz a personagens icônicos como Kayle e Carmen Sandiego; Sylvia Salustti, que dubla Rapunzel e Piu-piu; e Sérgio Cantú, a voz por trás do Homem-Aranha e Sheldon Cooper.
Paulo Maurício Siqueira, secretário-geral da OAB/DF, abriu o encontro destacando a importância de discutir temas relevantes para a proteção dos direitos autorais e a valorização dos profissionais da dublagem.“Precisamos garantir que esses profissionais, que desempenham um papel fundamental na divulgação da cultura e do conhecimento, tenham sua situação devidamente resguardada.”
A mediação ficou a cargo de Lucas Sérvio, presidente da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento da OAB/DF; Clarita Maia, presidente da Comissão de Relações Internacionais da OAB/DF; e Aline Torres, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/DF.
Na ocasião, Mariangela observou a importância de reconhecer e honrar o legado de dubladores anteriores. “Estamos tentando fazer com que todos entendam, inclusive as pessoas que estão chegando agora na categoria, na dublagem. Estamos explicando tudo o que está acontecendo e é realmente o momento de nos unirmos e lutarmos por um futuro. Com tanta coisa acontecendo, precisamos garantir um futuro digno para nossa profissão e honrar nosso passado, especialmente aquelas pessoas que lutaram tanto antes de nós.”
Já Sérgio Cantú abordou os desafios que a IA está trazendo para a categoria. “Estamos enfrentando um momento em que, em nossa área, existe uma facilidade crescente para emulação de vozes, o que pode afetar diretamente nosso trabalho. Já temos visto isso acontecendo de forma recreativa, não por grandes estúdios, mas por pessoas que, muitas vezes, se dizem fãs, mas que utilizam nossa voz para criar ou recriar cenas usando ferramentas de IA. Inicialmente, isso pode não ter um fim lucrativo, mas é uma invasão de privacidade, pois estão usando algo que é meu direito personalíssimo — a minha voz.”
Sylvia Salustti, destacou a importância de leis que protejam os profissionais da dublagem. “Vivemos da nossa voz, que é nossa, e é necessário haver consentimento, compensação e limites quanto ao seu uso. Não pode ser uma terra de ninguém. É muito arriscado ficarmos desprotegidos, porque não sabemos ainda o que podem fazer. Essas leis devem proteger não só nós, dubladores, mas toda a cadeia de profissionais envolvidos nesse processo — técnicos, estúdios e todos que fazem a engrenagem girar.”
Assista ao Podcast na íntegra.
Jornalismo OAB/DF