Brasília, 2/7/2015 – A Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF realizou o seminário “Assédio no exercício da advocacia”, na última terça-feira (30). A presidente da comissão, Renata do Amaral, relatou que o objetivo das palestras foi debater esse tema que infelizmente vem se tornando cada vez mais comum no ambiente de trabalho. “Eu posso apostar que se alguém aqui não foi vítima, deve conhecer alguém que foi”, disse. “Infelizmente na nossa realidade, dentro da advocacia, os casos de assédio vem acontecendo cada vez mais”, disse.
A palestrante, procuradora do Trabalho MPT-DF/TO, Renata Coelho, ressaltou que as principais vítimas de assédio moral no Brasil são mulheres. Segundo ela o crescente número de casos se deve por dois fenômenos.
“O primeiro e o mais importante: o mundo do trabalho se transformou”, disse ao atribuir à vontade de alcançar cargos melhores, ou ao medo da demissão o fato de algumas vítimas não denunciarem os assédios durante a carreira. “Hoje o trabalho nos identifica”, disse. O segundo fenômeno, segundo Renata Coelho, está relacionado ao surgimento do termo “assédio moral”. “Antes já existiam vários casos, mas não tinham esse nome. Quando alguém rotulou, começaram a surgir mais ainda”.
A procuradora do trabalho alerta que nem tudo pode ser classificado como assédio moral. “Trata-se da humilhação constante, corromper alguém, sendo um meio para se conseguir um fim. Faz parte de um sistema maior”, explicou.
Segundo Renata Coelho, o assédio moral é uma violência que pode acarretar em casos de depressão entre as vítimas motivar quadros de suicídios. Ela acredita que o assunto deve ser mais discutido. “É um tema da mais alta importância e muitas vezes é banalizado. É preciso que a gente mude pela valorização do trabalho como um todo”, concluiu.
A juíza do trabalho do TRT 10 Noemia Porto trouxe a questão do assédio sexual no ambiente de trabalho. “O primeiro aspecto que precisa ser ressaltado é a questão da igualdade”, disse ao lembrar que as mulheres são a grande maioria das vítimas desswe tipo de violência. “A nossa diferença de gênero é usada para nos inferiorizar”, disse.
Ela ressaltou que a causa para este tipo de agressão é muito complexa e antiga. “Ele tem aspecto social, psicológico, cultural, religioso, filosófico, mas é inegável que ganhou um âmbito jurídico e legal muito relevante”, concluiu.
A advogada trabalhista Renata Fonseca, que também participou do painel, contou um pouco sobre as experiências que teve durante os 16 anos de carreira. “Como estagiária encontrei assédio de colegas”. Para ela, as questões são culturais. “É a forma na qual fomos criados”, disse. Ela ressaltou ainda que lidar com o assédio também é uma questão muito difícil. A vítima tem medo de denunciar.
Para Renata Fonseca uma das possíveis soluções para o problema do assédio é a educação. “Esse tipo de violência é um desrespeito ao ser humano e infelizmente não vemos o aspecto da divulgação de ações”. Segundo ela, é necessário que a sociedade mude culturalmente.
Comunicação social – jornalismo
OAB/DF