Advocacia Sem Assédio é tema de roda de conversa em São Sebastião

Uma roda de conversa marcou o lançamento da campanha “Advocacia Sem Assédio”, nesta segunda-feira (18/05) na Subseção de São Sebastião da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF). C

Conforme a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada e palestrante da noite, Cristiane Damasceno, a ideia é que uma verdadeira rede em apoio à ação seja mobilizada para combater o assédio moral e sexual. “É muito importante trazer essa temática às nossas subseções. Viajando pelo Brasil, agora que recebi essa missão, percebo o quanto esse assunto é importante e como isso ainda é um tabu e causa constrangimentos em muitos lugares. Precisamos mudar a nossa visão, o nosso ambiente de trabalho, transformá-lo em um lugar mais colaborativo e seguro para as mulheres”, disse Cristiane Damasceno.

O presidente da Subseção de São Sebastião, Bruno de Costa Lima, lembrou que o mundo mudou e hoje não podemos mais admitir que as mulheres sejam assediadas sexualmente e moralmente. “Peço ajuda, principalmente aos homens, para que revejam seus posicionamentos. Nascemos em uma sociedade machista, mas precisamos evoluir, pois ainda bem que o mundo está mudando e as mulheres ocupam cada vez mais espaços de destaque e de liderança. Coisas que há pouco tempo eram consideradas normais, ou piadas, hoje são consideradas assédio, e as mulheres não devem mais tolerar esse tipo de comportamento de nossa parte”, disse Bruno.

A vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF, Débora Araújo Cavalcante, falou sobre a campanha ter iniciado no Distrito Federal. “Essa campanha iniciou aqui na OAB/DF, através de nossa comissão, e hoje ganhou uma proporção enorme com a Cris levando essa mensagem a todo o país. Todos devem se informar e trabalhar por essa causa do fim do assédio moral e sexual, conheço mulheres que deixaram de trabalhar, que tiveram suas vidas arrasadas por não saberem lidar com esse problema. Hoje temos a campanha e vários canais de denúncia e de apoio, e a campanha vem exatamente no sentido de aprendermos a identificar e a lidar com esses problemas”, ponderou Débora.

Para a vice-presidente da Subseção de São Sebastião, Valéria Souza Rocha, esse é um momento de virada na vida das mulheres, para que as novas gerações não tenham que passar por tudo que as gerações atuais, e principalmente as gerações anteriores, passaram para conseguirem se estabelecer. “Esse evento aqui hoje é para todas nós, pois todas as mulheres em algum momento da vida já passaram por alguma situação de assédio e constrangimento. Tenho certeza, que lá na frente fará toda a diferença. Se cada um de nós sair daqui hoje e passar essa mensagem adiante e mudarmos a vida de muita gente, temos que ser multiplicadoras dessa mensagem”, finalizou Valéria.

União nacional contra o assédio

A OAB e suas seccionais entendem que já não há mais espaço para omissão ou silêncio em casos de assédio moral e sexual contra mulheres e propõe uma caminhada conjunta no enfrentamento a essa violência. Uma pesquisa da Internacional Bar Association (IBA) apontou ainda que, em 57% dos casos de bullying, os incidentes não foram denunciados. Esse percentual amplia-se para 75% nos casos de assédio sexual. Já 65% das profissionais vítimas de bullying ou assédio pensaram em abandonar o emprego. No Brasil, 23% dos entrevistados dizem já ter sofrido algum tipo de assédio sexual e 51% revelaram já ter sido vítima de bullying.

Com a campanha, a Ordem abre espaço e oferece todo o suporte para que advogadas e profissionais do Direito falem sobre os episódios de assédio, sem que haja medo de retaliações, e ainda incentiva que os crimes sejam denunciados. As denúncias podem ser direcionadas para o endereço www.advsemassedio.org.br.

Entenda o que é assédio moral e sexual

O assédio moral ou sexual é um tipo de violência que ocorre no ambiente de trabalho, é um comportamento complexo que se manifesta de diversas formas, diretas e indiretas, de intensidade e gravidade variada, isolada ou continuada, dificilmente reconhecido e assumido pela sociedade, e que afeta majoritariamente as mulheres.

A cartilha da campanha Advocacia Sem Assédio traz, de forma simples e objetiva, definições, dispositivos legais, exemplos práticos onde são indicadas situações que configuram assédio moral e assédio sexual, elencando as causas presumíveis e consequências desse tipo de comportamento.

A presidente da CNMA afirma que “é necessário prevenir e combater as condutas reconhecidas como assédio, obstando o seu surgimento e erradicando qualquer atitude que possa ser considerada constitutiva do assédio no local de trabalho, a fim de garantir a proteção dos direitos fundamentais da pessoa, reconhecidos constitucionalmente”, diz Cristiane Damasceno.

Pesquisa global da Internacional Bar Association (IBA) sobre assédio sexual e moral nas profissões jurídicas revelou que uma em cada três advogadas já foi assediada sexualmente. Uma em cada duas mulheres entrevistadas já sofreu assédio moral.

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Fotos: Roberto Rodrigues
Texto: Comunicação OAB/DF – Jornalismo