Diante da revolução impulsionada pela inteligência artificial na advocacia, a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) promoveu, nesta segunda-feira (19/08), a palestra de abertura do V Congresso de Gestão Jurídica. O debate, com o tema “Estratégias para o Sucesso do Escritório de Advocacia do Futuro”, discutiu estratégias e desafios que os escritórios de advocacia enfrentam na adaptação à era digital.
A presidente da Comissão de Gestão de Escritórios da OAB/DF e organizadora do evento, Érika Siqueira, recebeu os palestrantes. “Sejam muito bem-vindos, fiquem conosco, aprendam bastante. E também aproveitem essa oportunidade de networking e de troca.”
Impacto da IA na Advocacia
Na ocasião, Renato Opice Blum, especialista em direito digital e Inteligência Artificial no Brasil, abriu a programação do evento com uma palestra sobre as transformações que a IA está promovendo e continuará a promover na advocacia.
Renato iniciou sua palestra abordando a crescente utilização de ferramentas de IA, que não apenas automatizam tarefas rotineiras, mas também ampliam a capacidade dos advogados de gerenciar casos complexos. “Estamos em um momento em que a tecnologia não só nos auxilia, mas começa a nos desafiar. Ela passa por cima da gente se não estivermos atentos.”
Ao abordar o impacto da IA na prática jurídica, o palestrante enfatizou que a tecnologia não substituirá os advogados, mas sim aumentará a demanda por seus serviços. “Teremos mais trabalho, mais oportunidades, mas a mudança será muito rápida. Precisamos estar preparados para isso.”
Encerrando sua palestra, Renato destacou a importância de uma abordagem crítica e estratégica em relação à tecnologia na advocacia. “Ferramentas de IA estão sendo cada vez mais utilizadas por advogados para automatizar tarefas, analisar documentos, prever resultados de casos e muito mais. No entanto, a implementação da IA no ambiente jurídico exige uma análise cuidadosa dos riscos envolvidos (análise de risco prévia), especialmente em razão da sensibilidade dos dados tratados no negócio.”
O especialista em transformação digital, Paulo Silvestre, participou remotamente da segunda parte do painel, onde destacou que a maioria das universidades ainda não aborda de maneira eficaz as temáticas pertinentes à realidade atual, resultando em uma lacuna entre o ensino acadêmico e as exigências do mercado.
“Quando a gente olha para esse momento de transformação, em especial os jovens e os estudantes, já há uma expectativa completamente diferente em relação ao modelo de trabalho, em relação a tudo que se espera em termos de expectativa de vida. Então há um desafio bastante grande nesse sentido.”
Outro ponto abordado por Paulo foi a inteligência artificial generativa, que ele considera um divisor de águas na advocacia. “Há uma expectativa que também parece óbvia, quando a gente fala em termos de eficiência e produtividade, o fato é que a inteligência artificial gerativa, ela coloca a eficiência operacional em novos patamares, sobretudo de via de automação e outras coisas mais. Ela tem a capacidade de elevar esse nível de forma completamente surpreendente. “
Ele finalizou sua apresentação destacando a importância de os escritórios de advocacia se adaptarem a essa nova realidade tecnológica. “Existem várias soluções, mais comum dentro do Direito, utilizadas como ferramentas de análise e classificação de documentos. Isso já existe há algum tempo; eu implementei isso em 2017. Temos o Kira, o Raven, o Luminance, e tantas outras ferramentas que são mais comuns utilizadas em projetos de Due diligence. A gente se especializa dentro dos conjuntos de dados, mas essas ferramentas se aplicam também para qualquer tipo de documento que requer uma análise em grande escala.”
Jornalismo OAB/DF