Para aqueles que não conhecem, é essencial explicar que a esclerose múltipla é uma doença crônica, provavelmente autoimune, em que o sistema imunológico agride a bainha de mielina que recobre os neurônios, comprometendo a função do sistema nervoso.
Com o foco na compreensão a respeito da enfermidade que acomete principalmente pessoas jovens, entre os 20 e 40 anos, a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por meio da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDDPD), da Comissão de Direito Sistêmico (CDS) e da Procuradoria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, organizou o Seminário de Conscientização da Esclerose Múltipla: Aspectos Biopsicossociais e Jurídicos. O evento aconteceu nos dias 29 e 31 de agosto. “É com grande alegria que recebemos um evento como esse em nossa Casa, tenha certeza que aqui as pessoas com deficiência jamais serão ignoradas. Estamos todos aqui para aprender e melhorar todos os dias a acessibilidade e o conforto de nossos colegas com deficiência”, disse o presidente da OAB/DF, Délio Lins e Silva Jr.
Primeiro dia
Na mesma linha, o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados (CAADF), Eduardo Uchôa Athayde, ressaltou a importância da pauta das pessoas com deficiência. “Queria parabenizar as comissões responsáveis, pois essa é uma pauta importantíssima para todos nós no Sistema OAB. Nós da CAADF temos essa missão de cuidar do bem-estar e da saúde da advocacia, por isso estamos aqui, para acompanhar de perto, meditar sobre o tema e depois transformar isso tudo em políticas para nossos colegas”, comentou Eduardo.
Em nome da CDDPD, a vice-presidente, Julyane Nister, agradeceu a todos os convidados e palestrantes. “Tudo que fazemos aqui na nossa comissão é com muito carinho, mostrando a todos como a acessibilidade e o respeito pelos direitos das pessoas com deficiência pode impactar positivamente na vida de todos. E muito nos orgulha fazer parte dessa Casa, que nunca se furtou em discutir, buscar soluções e defender os direitos da nossa advocacia e da sociedade”, afirmou Julyane.
Em uma das palestras a médica neurologista Fernanda Ferraz, especialista no tema, falou a respeito dos conceitos básicos sobre a esclerose múltipla e sobre os avanços nos tratamentos. “Sempre que falamos em esclerose múltipla temos que pensar em equipes multidisciplinares para auxiliar no tratamento dos nossos pacientes. Assim como acompanhamos uma evolução nos tratamentos farmacológicos, que são muito importantes, o acompanhamento físico, mental e a realização de atividades que garantam a qualidade de vida dos doentes é de extrema importância”, garantiu Fernanda.
Caso queira conhecer alguns conceitos básicos e conhecer mais sobre a esclerose múltipla, o portal do dr. Drauzio Varella tem conteúdos relacionados à doença, como este aqui
Segundo dia
Na segunda noite os participantes se debruçaram sobre as questões jurídicas envolvidas nos direitos e garantias aos portadores de esclerose múltipla e de outros tipos de deficiência. A vice-presidente da OAB/DF, Lenda Tariana, participou da abertura e deixou sua mensagem. “É importante ver todos aqui, isso mostra que nossa Casa é acessível, e isso nos empodera e nos traz coragem para cobrar a mesma postura de outras entidades. Precisamos sempre conhecer e nos informar para que, só assim, possamos auxiliar na diminuição dos problemas práticos e do preconceito que as pessoas com deficiência são alvo”, lembrou Lenda.
Falando em nome da CAADF, a vice-presidente Bernadete Teixeira, lembrou que o pior problema é exatamente o preconceito. “Temos que mudar essa visão que as pessoas têm de que as pessoas têm defeitos. Não! As pessoas têm deficiências, e precisam ser respeitadas e acolhidas”, comentou. Na mesma linha o secretário-geral da OAB/DF, Paulo Maurício Siqueira, falou dos esforços realizados na Sede para melhor receber os colegas e os membros da comunidade que possuem alguma deficiência. “Tivemos o caso de um conselheiro que não conseguiu subir para tomar posse, e isso demonstrou o quanto estávamos atrasados nessa questão da acessibilidade. E vejam, mesmo depois de várias mudanças, alguns colegas PCDs nos apontaram problemas que estamos mais uma vez resolvendo e adaptando. São pequenos detalhes que muitas vezes nós não vemos, que os engenheiros não se dão conta, mas que para um cadeirante, por exemplo, faz toda a diferença”, explicou Paulo Maurício.
Em seu depoimento, a vice-procuradora de Defesa das Pessoas com Deficiência, Marisa Sousa Lopes, que tem esclerose múltipla, falou um pouco sobre sua experiência. “Muitas vezes me disseram para não falar sobre minha doença, que isso afastaria os clientes. Por um tempo achei que era isso mesmo, mas essa não sou eu. Ao falar do meu problema estou mostrando exatamente que somos pessoas fortes e capazes”, contou Marisa.
O juíz Ben-Hur Viza, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar, falou que aos poucos nossa sociedade vai superando os problemas e acabando com as discriminações. “Tudo é um processo, quem diria há 20 anos que hoje os pais dividiriam o cuidado dos filhos com as mães? Isso era coisa de mulher. Acontece o mesmo com as pessoas com deficiência, quanto mais conhecemos suas histórias e sobre suas necessidades mais a sociedade avança em busca do nosso ideal de que todos sejam incluídos e acolhidos”, finalizou.
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Veja aqui as fotos do primeiro e do segundo dia do Seminário.
Comunicação OAB/DF
Fotos: Roberto Rodrigues