Na quarta-feira (5/8), a Comissão de Direito Sistêmico da OAB-DF realizou a sua 17ª reunião neste ano, sendo a 5ª por videoconferência, colocando em debate o tema “Visão Sistêmica da Violência Doméstica”, tendo como convidada a palestrante Adhara Campos, mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Brasília. Segundo assinalou o presidente da comissão, Rodrigo Rodrigues Alves, a programação foi organizada em comemoração aos 14 anos de publicação da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006 (Lei nº 11.340/2006).
Adhara é autora do livro “Constelação Sistêmica na Violência Contra a Mulher: Perigo ou Solução?”, presidente da Associação Brasileira de Consteladores Sistêmicos – ABC Sistemas, analista judiciária federal há 15 anos, concursada pelo Tribunal Superior do Trabalho, voluntária e idealizadora do projeto “Constelar e Conciliar” e membro consultora da Comissão Direito Sistêmico da OAB/DF.
Na reunião conduzida pelo presidente da Comissão de Direito Sistêmico, com Adhara, participaram os presidentes das comissões de Combate à Violência Doméstica e Familiar da OAB/DF, Selma Carmona; da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF, Nildete Santana de Oliveira, e da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude da OAB/DF, Charles Bicca.
Na abertura, o presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB-DF apresentou um vídeo em que o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger discorre sobre a abordagem conhecida por visão sistêmica aos conflitos. Ao passar a palavra aos presidentes de comissões convidados, eles trouxeram considerações sobre o exercício da empatia, fundamento desse debate.
Para Selma Carmona, empatia passa pela “construção de igualdade”. Ela destacou, no entanto, que é importante não perder de vista que a “punição” do agressor faz parte do processo.
Charles Bicca abordou a necessidade de procurar “conexão” dentro de casa. Falou sobre situações muito difíceis de “abandono afetivo”. “Essa é uma forma de violência muito grave. A mulher carregando sozinha a questão de cuidar dos filhos”. Observou que, agora, a pandemia traz profundas reflexões. “Muitos pais nem sabiam quem eram os filhos”.
A presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/DF, Nildete Santana de Oliveira, falou sobre um caso recente, desta semana, de violência contra a mulher em redes sociais. Dois homens gravaram um vídeo de uma advogada que estava praticando ioga na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro. Fizeram isso sem o consentimento dela. Tiveram gestos obscenos. As imagens viralizaram. Ela foi avisada por amigos e denunciou o caso à polícia. Para a advogada foi um grande choque, com consequências: crises de choro e noites mal dormidas. Ela declarou não querer mais fazer ioga por associar à violência que sofreu.
Nildete Oliveira disse que esse episódio demonstra o quanto “homens e mulheres precisam de conscientização para entender o respeito à dignidade humana”. Afirmou, também: “a igualdade entre homens e mulheres é um propósito no nosso trabalho”.
Após ouvir as considerações dos presidentes das comissões, Adhara agradeceu as suas contribuições e falou sobre patriarcado, relações de dominação que oprimem mulheres, literatura especializada, destacando Simone de Beauvoir. Mais um ponto que retomou foi a violência afetiva. Aprofundou conceitos de Bert Hellinger. Para ela, no direito sistêmico, o essencial é alcançar a “reparação justa” e o “remorso genuíno”. Assinalou: “Ninguém merece ser agredido! A violação contra direitos das mulheres é contra os direitos humanos”.
Assista a reunião com o tema “Visão Sistêmica da Violência Doméstica”, na integra pelo canal da OAB-DF no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=5VUvKoFv5-g
Comunicação OAB/DF