A primeira turma de bacharéis em Direito da Universidade de Brasília (UnB) completa 50 anos de graduação neste sábado, dia 26 de novembro. Em comemoração, nesta sexta-feira (25), será afixada a placa com a turma de número 100 na Faculdade de Direito da UnB. O curso de Direito da UnB existe desde a criação da Universidade em 1962, tendo ficado a cargo do Instituto Central de Ciências Humanas (ICCH) até a criação da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais (FCJS), em 1967. O ensino jurídico na UnB foi inspirado no ideal de San Tiago Dantas – político, jornalista, advogado e ex-chanceler, uma referência nas relações internacionais brasileiras – portanto, pautado pela ênfase no raciocínio jurídico, em detrimento da descrição de institutos e normas jurídicas.
Juliano Costa Couto, presidente da OAB/DF, saúda os bacharéis e advogados. “Nós da OAB só temos a agradecer a estes advogados que ajudaram a formar a Seccional que temos hoje. A principal mácula da vida brasileira é nossa dívida histórica e imoral frente à defasagem de uma educação de qualidade disponível a todos os brasileiros. De modo que é um alento comemorar o jubileu de ouro de um curso de ciências jurídicas que é referência em qualidade no país, e ainda na universidade pública”, observou. “Não podemos desistir de lutar por uma realidade em que a educação desse nível seja acessível a todos os brasileiros”, concluiu.
O advogado Sebastião Baptista Affonso, formado na primeira turma, lembrou que o curso iniciou ainda sem um espaço próprio na UnB. “Na época era o Darcy Ribeiro o reitor e nossas primeiras aulas ocorreram no prédio onde hoje é o Ministério da Saúde. No auditório Dois Candangos era onde tínhamos aulas maiores. A universidade foi crescendo, mas nosso curso se desenvolveu todo no perímetro do auditório Dois Candangos”.
Affonso lembrou que sua turma era um das únicas que não aderiram às greves. “Nossa turma de Direito tinha uma posição muito central de não aderir a essas greves. Nossa turma se manteve muito pacifica. Nossos professores eram quase todos ministros do Supremo Tribunal Federal, do antigo Tribunal Regional Federal e desembargadores de Justiça. O curso de Direito não sofreu muito essas influências de movimentos grevistas”.
Para ele, ter se formado na primeira turma é motivo de muito orgulho. “É uma honra se apresentar como membro da primeira turma de Direito. Éramos os primeiros advogados formados em Brasília. Na época não havia faculdades particulares. Para quem estava começando na carreira, era muito mais fácil. Nós começamos a trabalhar na área antes mesmo de se formar”.
Sebastião Baptista Affonso continua militando na advocacia. Desde sua formação, já foi procurador de carreira do Tribunal de Contas da União (TCU), trabalhou na Consultoria-Geral da República e, no governo Sarney, exerceu o cargo de consultor-geral da República.
O ex-presidente da OAB/DF, Amauri Serralvo, formado na segunda turma da UnB, também afirmou que apesar dos tempos difíceis de censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar, a turma não sofreu muitas perseguições. “Foi uma turma de vanguarda. Ouve paralisação, o campus sofreu com invasão da polícia, mas nossa turma não sofreu tanto quanto outras faculdades”.
Para ele, só ficaram boas recordações. “Era uma turma muito boa, histórica, e foi uma bela oportunidade. Tínhamos bons professores e dali saíram muitos nomes que fizeram sucesso profissional. A gente viveu muita coisa naquela época e temos muitas boas história para lembrar”. Serrano veio de São Paulo, na época, para trabalhar na UnB e integrou a turma já no 5º semestre do curso. Algumas aulas eram realizadas junto com a primeira turma.
Juliana Thomazini, aluna da turma nº 100, revela sua expectativa com a profissão. “Já estou advogando num escritório. O que eu acho interessante na nossa turma, diferente na UnB, é que nós tivemos muitas pessoas que escolheram a advocacia. Eu me interesso muito pela advocacia. É um campo rico e tenho muita coisa para aprender ainda”. Sobre a graduação, Juliana destaca que “o legal da UnB é que o aluno tem contato com o Judiciário de forma completa e isso influencia bastante. A diversidade de ideias da faculdade como um todo é um ponto muito importante na formação do aluno durante a faculdade”.
Os primórdios do curso de Direito da UnB foram ainda influenciados por dois grandes juristas brasileiros: Victor Nunes Leal, que, como chefe do Departamento de Direito, na época de sua inauguração, rediscutiu o esqueleto organizacional do curso de Direito da UnB; e Antônio Luis Machado Neto, que, como coordenador do Instituto Central de Ciências Humanas, buscou elevar os padrões de ensino e aprendizado em direção à internacionalização do saber jurídico nacional. A Revista Notícia do Direito Brasileiro, criada após a saída de Machado Neto da UnB, foi fruto desse ideal.
Confira, abaixo, alista dos formandos de 1966:
Afonso Henriques de Guimaraens Neto
Afranio Adauto Viana Palhares
Agnaldo Jurandyr Silva
Agostinho Flôres
Amilar Rodrigues Dias
Antônio Gonçalves Machado
Antônio Martins de Oliveira
Antônio Walter Galvão
Braz Henriques De Oliveira
Carlos Eduardo Konder Lins e Silva
Dirceu Gonzaga Ramos Pôrto
Edisio Sobreira Gomes de Matos
Eduardo Luiz Safe Carneiro
Enne Da Costa Lerina
Euvaldo Carvalho Silva
Evandro Menezes Reis
Evlim Medeiros
Fanny Bleisher
Genoveva Ayres Ferreira Dias
Helena Uema
Ivan D'apremont Lima
Jair Teixeira Campos
Jalbas De Souza Paz
José de Anchieta Souza
José Antonio Barreto De Macedo
José Carlos Padilha Vidal
Lêda Franco Soares Pinto Duarte
Milton Marques
Moacir Antônio Machado da Silva
Ordélio Azevedo Sette
Pedro Delforge
Rodolpho Sixel Junior
Rogério Lins de Albuquerque
Ronaldo Ferreira Dias
Sebastião Baptista Affonso
Sebastião Corrêa Portella
Silas Silveira
Sonilton Fernandes Campos
Ubaldo Ataíde Cavalcante
Valdir Campos Lima
Vera de São Paulo
Com informações da UnB