O advogado Eduardo Albuquerque Sant’Anna, inscrito na OAB do Distrito Federal, conseguiu, no último mês de setembro, concluir uma das provas consideradas mais difíceis para corredores de ultramaratonas: a prova de “Spartathlon”. Em sua primeira participação no evento, Sant’Anna conseguiu completar os 246 km da prova em um tempo de 34h34 de corrida. Apesar de ter ficado na 137ª posição, conseguir chegar ao ponto final e concluir a percurso dentro de 36h, tempo máximo, já é uma grande vitória aos participantes.
A prova exige dos corredores um enorme preparo físico e mental. O percurso de 246 km é realizado entre as cidades de Atenas e Esparta, na Grécia. Eduardo Sant’Anna afirmou que os primeiros 42 km ocorreram conforme planejado. No entanto, as adversidades da prova, debaixo de um sol forte e com subidas que castigaram os corredores, começaram a surgir.
“Comecei a passar mal e até os 80 km vomitei duas vezes. Não conseguia comer nada, só beber água. Lá pelos 90 km tive uma pequena melhora, mas comia muito pouco e nada do que havia planejado. O calor intenso ainda castigava todos os corredores. Isso me debilitou e perdi muito ritmo. Com isso não conseguia reagir e o psicológico começou a me afetar”, contou o advogado, que relatou que o sentimento de frustração, além de uma enorme preocupação em não conseguir chegar até o fim, invadiram seus pensamentos.
Apesar de alguns quilômetros de mal-estar, Sant’Anna disse ter sentido uma significativa melhora no final da manhã do dia seguinte ao início da corrida. No entanto, nos últimos 60 km uma dor na panturrilha da perna direita atrasou sua chegada. “A essa altura eu só tinha um pensamento: ‘tenho que terminar, não posso frustrar todos aqueles que me acompanharam e torceram por mim’. Busquei forças não sei de onde e recuperei algumas posições”, disse.
Após muitas dores, indisposição e frustrações, o tão esperado momento chegou. “Consegui tocar os pés da estátua de Leônidas, no ponto de chegada”. A experiência, única para um corredor apaixonado, foi suficiente para querer repetir. “Espero ter a oportunidade de um dia voltar para fazê-la novamente”.
A Spartathlon é uma ultramaratona tradicional que tem como objetivo repetir os passos de Pheidippides, um mensageiro ateniense enviado a Esparta no ano 490 a.C. para buscar ajuda contra os persas na Batalha de Maratona. Ele teria chegado a Esparta um dia depois de sua partida. De acordo com a história, foi esse evento que deu nome à prova mais clássica das Olimpíadas, a Maratona.
Outras conquistas
No currículo de ultramaratonas, Eduardo Sant’Anna foi bicampeão em 2014 na prova de 24 horas, em Brasília, onde correu 201,4 km. Em Valinhos, São Paulo, correu 206,7 km, também na Prova 24 horas do estado, e chegou em 1º lugar. Ainda em 2014, o advogado percorreu 100 km, fazendo a volta do Lago em Brasília, em um tempo de 9h23.
Como a corrida de Spartathlon exige critérios qualificatórios que devem ser cumpridos, ele se preparou por mais de um ano para a ultramaratona. Em agosto de 2010 Sant’Anna começou a correr, tomou gosto pela atividade e não parou mais. Três anos depois, em agosto de 2013, começou nas ultramaratonas e começou a sonhar com Spartathlon. “Justamente por ser essa prova a mais importante e difícil, ela desperta o desejo de quase todos os corredores de ultramaratonas no asfalto”.
A corrida mais famosa e difícil do mundo começa, geralmente, às 7 horas, na última sexta-feira de setembro de cada ano. Ao longo dos 246 km, os corredores devem passar por 75 postos de controle e cada ponto tem um horário de corte. Os atletas que não cumprem o tempo do corte podem ser retirados da corrida.
Para participar da prova de Spartathlon é necessário que o atleta cumpra ao menos um dos requisitos:
– Terminar uma corrida de pelo menos 100 km em menos de 10 horas e 30 minutos.
– Ter participado de um evento de mais de 200 km e completar todo o percurso.
– Ter participado da Spartathlon e ter alcançado o posto de controle Nestani (172 km) em menos de 24 horas e 30 minutos.